O Grupo de Pesquisa em Filosofia, Ciências Humanas e Outros Sistemas de
Pensamento/CNPQ/Unimontes, MG em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Filosofia/PUC, PR, o Núcleo de Estudos em Filosofia da Técnica e a Pós-graduação em Biotecnologia/Unimontes, convidam a todos e a todas para participarem do evento intitulado: Filosofia da Técnica: entre o ontológico e o político.
Podemos observar que apesar de todas as suas diferenças e distâncias, em nossa contemporaneidade, grupos ecléticos de vozes, assim como outros tantos atores sociais parecem confluir para um ponto em comum, às vezes num caráter jubiloso, outras vezes num tom severo de alerta quase apocalíptico: a técnica se constitui como fenômeno central de nossa época. Tal afirmação pode ser desdobrada nos âmbitos mais diversos, como, por exemplo, o senso comum, o jornalismo, a ciência, a filosofia, a arte, etc. Isso significa que teremos diferentes reflexões e análises. O fio condutor do evento será a pergunta: O que significa dizer que nossa época é técnica? A primeira resposta que a filosofia pode propor é aquela que diz que o sentido geral de nosso tempo, ou seja, compreendemos tecnicamente o mundo. As pessoas de nosso tempo se submetem a escâneres e outros objetos técnicos para verificar o estado de sua saúde; operam sem temor – e sem culpa – através dos sistemas informáticos e do universo online, para fazerem seus investimentos e perseguirem o maior lucro possível; dividem a sexualidade em compartimentos ‘tecnicamente’ diferenciáveis; e até mesmo os homens e mulheres de fé podem assistir à liturgia religiosa na televisão ou na internet. Ora, isto implica, como reflexão filosófica, uma leitura ontológica, isto é, um conjunto de conceitos que nos posicionam perante aquilo que determinamos como o real ou realidade. Nesse sentido, a ideia do evento é: a filosofia pensa ontologicamente a técnica . Por outro lado, a técnica deflagra profundas modificações políticas e éticas no horizonte de nossa contemporaneidade. São conhecidos e debatidos os problemas decorrentes da necessidade de estabelecer limites pautados em análises éticas para a pesquisa, criação e uso de dispositivos e procedimentos técnicos, em particular no que se refere à relação dos artifícios técnicos com a corporeidade biológica por um lado, e com a possibilidade de pensar autonomamente, por outro. Do mesmo modo, no plano do estritamente político, a técnica nos propõe desafios conceituais, questionamentos sobre a propriedade do conhecimento e da produção técnica, sobre sua relação com as regulações emanadas do Estado, sobre sua produção concreta de poder e de controle sobre o coletivo. Tudo isso são mobilizadas pela presença hipertrofiada do técnico na nossa vida. A filosofia pensa politicamente a técnica.